Saúde em Português

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Instituição de Utilidade Pública de Portugal; Registo 1423/99 do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal; Membro da Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento; Membro Associado da Confederação Ibero Americana de Medicina Familiar; Membro Observador Consultivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa; Membro do Fórum Não Governamental para a Inclusão Social

20/03/09

Saúde em Português rejeita e condena veementemente as declarações públicas do Papa Bento XVI sobre o VIH/SIDA

Saúde em Português junta-se às vozes críticas da sociedade civil e manifesta a sua indignação perante as declarações públicas do Papa Bento XVI acerca do uso do preservativo: “Não se pode resolver o problema da SIDA com a distribuição de preservativos. Pelo contrário, a sua utilização agrava o problema.”. Estas frases polémicas foram proferidas durante o voo para Yaounde, Camarões, onde inaugura a sua primeira visita oficial ao continente africano.

Saúde em Português considera que estas declarações podem comprometer os progressos alcançados no combate ao VIH/SIDA em África, e prejudicar ou até destruir o trabalho das ONG no terreno, que lutam diariamente contra o seu alastramento. Estima-se que 33 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas com o vírus da SIDA, dois terços dos quais vivem na África Subsariana. Num continente fustigado com esta doença, onde o cristianismo está em expansão e a Igreja tem um papel activo na formação de atitudes e comportamentos, declarações como estas podem agravar a situação de milhares de pessoas.

O preservativo é um dos instrumentos fundamentais na prevenção do vírus da SIDA. Por isso o incentivo ao seu uso faz parte das estratégias de sensibilização e educação para a saúde dos projectos de ajuda ao desenvolvimento, que visam o progresso social e promover melhores condições de vida, erradicando a pobreza e a miséria humana.

No sentido mais lato, o acesso ao preservativo é uma medida essencial à protecção dos direitos humanos, permitindo salvar vidas. Nenhuma crença religiosa deve ser sobreposta ao valor da vida humana, nem atentar contra os direitos e liberdades fundamentais e inalianáveis do ser humano, compelindo-o a tomar decisões e fazer opções que colocam em perigo a sua vida. Saúde em Português respeita todas as convicções religiosas e sauda os católicos que com ela têm colaborado e decerto continuarão a colaborar, mas não se identifica com atitudes sectárias e radicais, cujo resultado se vira contra os mais frágeis e desfavorecidos e contra a vida humana.

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