O alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, afirmou hoje que o órgão que dirige lutará para que as visões xenófobas e hostis em relação aos estrangeiros não prevaleçam na Europa.
"Nós lutaremos sempre para que não triunfe na Europa a tendência daqueles que querem fechar as fronteiras europeias. É muito importante que a Europa continue a assumir as suas responsabilidades no plano internacional", afirmou o ex-primeiro ministro português, que está em Brasília.
Em declarações à imprensa, Guterres mencionou o duplo atentado de Oslo ocorrido na semana passada e condenou o populismo político que, segundo ele, tem contribuído para gerar uma visão negativa dos imigrantes.
"As formas de populismo político e também a irresponsabilidade de alguns meios de comunicação social têm contribuído para gerar uma hostilidade em relação aos estrangeiros, aos imigrantes e aos refugiados, criando movimentos de opinião sensíveis à xenofobia e ao racismo", afirmou.
Ao contrário, Guterres mencionou o Brasil como um exemplo de nação recetiva e de grande tolerância frente à diversidade.
"Sobretudo quando se tem um caso tão dramático e tão horrível [como os atentados de Oslo], reconhecemos a enorme contribuição do Brasil como exemplo de uma sociedade de tolerância, que respeita e valoriza a diversidade, que compreendeu que todas as sociedades hoje tendem a ser multiculturais e multireligiosas", completou.
Guterres chegou segunda-feira a Brasília, na sua segunda visita oficial enquanto responsável pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que termina quarta-feira.
Em declarações feitas ao lado do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, Guterres manifestou "gratidão e apreço" ao Brasil, citando a política "exemplar" de apoio aos refugiados e as crescentes doações humanitárias que o Brasil tem feito aos programas do Acnur.
"O Brasil tem uma das legislações mais avançadas para o refúgio à escala global e tem tido sempre uma atitude extremamente positiva, a todos aqueles que vieram de 77 países a pedir asilo, além do acordo solidário com o Equador", destacou.
O Brasil acolhe 4.432 refugiados, de 77 nacionalidades, na maioria (65 por cento) vindos da África, com Angola a liderar a lista.
Fonte: Lusa (Rio de Janeiro)
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